Para quebrar o monólogo masculino: reflexões sobre o papel das mulheres no mundo das letras nas correspondências entre Gabriela Mistral e Victoria Ocampo, 1926 a 1956

Autores

  • Ana Beatriz Mauá Nunes Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.46752/anphlac.24.2018.2945

Resumo

Este artigo tem por objetivo discutir as relações de caráter pessoal e intelectual estabelecidas entre as escritoras Gabriela Mistral e Victoria Ocampo, no período de 1926 a 1956, sob a perspectiva da História das Relações de Gênero e dos estudos sobre as chamadas escritas de si. Entende-se que o intercâmbio epistolar entre essas escritoras se configurou tanto como um espaço para a reflexão sobre a condição de mulheres que se dedicavam à escrita, como para o debate sobre questões literárias e políticas de seu tempo. Entre as temáticas discutidas nas correspondências, destacam-se as ponderações a respeito dos significados das identidades latino-americanas – sob o signo da americanidad –, o papel do intelectual engajado na construção destas identidades, e o tema que aqui exploraremos com mais afinco, o lugar da mulher e do feminismo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ana Beatriz Mauá Nunes, Universidade de São Paulo

[1]  Mestranda em História Social pela Universidade de São Paulo. Sua pesquisa intitulada “Tan criolla, criolla como yo: identidades, política e gênero na correspondência de Gabriela Mistral e Victoria Ocampo, 1926 a 1956” e conta com o auxílio da FAPESP em parceria com a CAPES - "Bolsista FAPESP - Processo nº: 2017/02839-9 Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - CAPES. As opiniões, hipóteses e conclusões ou recomendações expressas neste material são de responsabilidade da autora e não necessariamente refletem a visão da FAPESP e da CAPES.". Contato: biamauanunes@gmail.com

Referências

BEIRED, José Luis Bendicho. Sob o signo da nova ordem. Intelectuais autoritários no Brasil e na Argentina. São Paulo: Loyola/História Social-USP, 1999.

BERGMANN, Emilie L. Women, culture, and politics in Latin America. Berkeley: University of California Press, 1990.

BOURDIEU, Pierre. A ilusão biográfica. In: FERREIRA, Marieta de Moraes; AMADO, Janaína (Orgs.). Usos e abusos da História Oral. São Paulo: Fundação Getúlio Vargas Editora, 1998.

BURKE, Peter. A Escrita da história: novas perspectivas. São Paulo: Unesp, 2011.

CHARTIER, Roger. A história cultural: entre práticas e representações. Lisboa: Difel; Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1990.

CHARTIER, Roger. As práticas da Escrita. In: ARIÉS, Philippe. (Org.) História da Vida Privada: da renascença ao século das luzes. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.

CHARTIER, Roger. Diferenças entre os sexos e dominação simbólica (nota crítica). Cadernos Pagu (4) - fazendo história das mulheres, Campinas, Núcleo de Estudos de Gênero/UNICAMP, 1995.

COSTA, Claudia de Lima. O tráfico de gênero. Cadernos Pagu, vol. II, 1988.

COSSE, Isabella. La lucha por los derechos femeninos: Victoria Ocampo y la Unión Argentina de Mujeres (1936). Revista Humanitas, XXVI, 2008.

DIAZ, José-Luis. Qual genética para as correspondências? Manuscrítica. Revista de crítica genética, São Paulo, no 15, 2007.

DUBY, George; PERROT, Michele. História das Mulheres no Ocidente, v. 4, Porto: Edições Afrontamento, 1995.

FEDERICI, Silvia. Calibã e a Bruxa: Mulheres, corpo e acumulação primitiva. São Paulo: Editora Elefante, 2017.

FRANCO, Stella Maris Scatena. Peregrinas de outrora: viajantes latino-americanas no século XIX. Florianópolis: Editora Mulheres, 2008.

GARRIDO DONOSO, Lorena. Género epistolar y hermandad artística en la poesía de mujeres de la primera mitad del siglo XX. Lit. lingüíst., Santiago, no 29, 2014.

GOIC, Cedomil. Recado a Victoria Ocampo, en la Argentina, de Gabriela Mistral. Estudios filológicos 45:35-47, 2010.

GOMES, Ângela de Castro (Org.). Escrita de si, escrita da história. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004.

KING, John. Sur: estúdio de la revista argentina y de su papel en el desarrollo de una cultura. 1931-1970. México: Fondo de Cultura Económica, 1989.

LEJEUNE, Philippe. A quem pertence uma carta? In: ______. O pacto autobiográfico: de Rousseau à Internet. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008.

MANZANO, Rolando. Recorrer la vida desde la vereda contraria. DIBAM, Revista Patrimonio cultural, no 46, Santiago, año XIII, 2008.

MALATIAN, Teresa. Cartas. Narrador, registro e arquivo. In: PINSKY, Carla B.; LUCA, Tânia Regina de (Orgs.). O historiador e suas fontes. São Paulo: Contexto, 2011.

MARTING, Diane. Spanish American Women Writing: a bio-bibliographical source book. New York: Greenwood Press, 1990.

MEYER, Doris. The Early (Feminist) Essays of Victoria Ocampo. Studies in 20th Century Literature. Vol. 20: Iss. 1, Article 4. 1996. Disponível em: http://dx.doi.org/10.4148/2334-4415.1380 Acesso em: 27 de novembro de 2017.

MISTRAL, Gabriela. Feminismo: una nueva organización del trabajo. In: Del POZO, Diego (Org.). Por la humanidad futura: antologia política de Gabriela Mistral. Santiago: La pollera ediciones, 2015.

_________, Gabriela; OCAMPO, Victoria. Esta Nuestra América: correspondência, 1926-1956. El cuenco de Plata: Buenos Aires, 2006.

MOTTA, Romilda Costa. Práticas e representações de si: Os escritos autobiográficos da mexicana Antonieta Rivas Mercado e da brasileira Patrícia Galvão. Tese de doutoramento, FFLCH/USP. 2015.

MOLLOY, Sylvia. Vale o escrito: a escrita autobiográfica na América Hispânica. Chapecó: Argos, 2003.

MORA, C. Mistral y las vanguardias. Centro Virtual Cervantes, 2008.

MORAES, Marcos Antonio de. Epistolografia e crítica genética. Ciência e Cultura (SBPC), São Paulo, v. 59, no 1, p. 30-32, jan.-mar. 2007.

MORAES, Marcos Antonio de. Orgulho de jamais aconselhar: a epistolografia de Mário de Andrade. São Paulo: EDUSP/FAPESP, 2007.

STEINER, Patricia Owen. Victoria Ocampo: writer, feminist, woman of the world. Albuquerque, NM: University of New Mexico Press, 1999.

PERROT, Michelle. Minha História das Mulheres. São Paulo: Contexto, 2007.

PERROT, Michelle. Gabriela Mistral: el proyecto de Lucila. Santiago: LOM; Embajada de Brasil en Chile, 2005.

SARLO, Beatriz. La Máquina Cultural: maestras, traductores y vanguardistas. Buenos Aires: Seix Barral, 2007.

SARLO, Beatriz. La Batalla de las Ideas, 1943-1973. Buenos Aires: Emecé Editores, 2007.

SCHRODER, Daniela. Between indigenism and mestizaje (miscegenation): interpretations about the colonial in the prose of Gabriela Mistral. Universum: Talca. v. 31, n. 2, p. 229-244, 2016. Disponível em: ww.scielo.cl/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S0718-23762016000200014&lng=es&nrm=iso. Acesso em: 20 de novembro de 2017.

SCOTT, Joan W. A cidadã paradoxal. As feministas francesas e os direitos do homem. Florianópolis: Editora Mulheres, 2002.

SCOTT, Joan W. Gender: a useful category of historical analyses. Gender and the politics of history. New York: Columbia University Press, 1989.

TEITELBOIM, Volodia. Gabriela Mistral pública y secreta: truenos y silencios en la vida del primer Nobel latinoamericano. Santiago: BAT, 1991.

VÁSQUEZ, Carola Gabriela. Gabriela Mistral: das danças de roda de uma professora consulesa no Brasil. Campinas, 2014.

XAVIER, Elodia. Quarto de Despejo. Testimonio de una mujer subalterna. In: Mujer: Escritura, Imaginario y sociedad en América Latina. Mérida: Universidad de los Andes, 2004.

ZEMBORAIN, Lila. Gabriela Mistral: uma mujer sin rosto. Buenos Aires: Viterbo Editora, 2002.

ZEGER, Pablo (Comp.) Gabriela Mistral. La tierra tiene la actitud de una mujer. Pensamiento feminista. Mujeres y oficios. Chile: RIL EDITORES. 2001.

Downloads

Arquivos adicionais

Publicado

2018-07-11

Como Citar

Nunes, A. B. M. (2018). Para quebrar o monólogo masculino: reflexões sobre o papel das mulheres no mundo das letras nas correspondências entre Gabriela Mistral e Victoria Ocampo, 1926 a 1956. Revista Eletrônica Da ANPHLAC, (24), 101–131. https://doi.org/10.46752/anphlac.24.2018.2945