A Velha Rosa no jardim da Revolução: tensões culturais, homossexualidade e autoritarismo em Cuba

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Autores

  • Jorge Ribas Professor da Rede Estadual de Educação Básica de Minas Gerais

DOI:

https://doi.org/10.46752/anphlac.31.2021.4031

Palavras-chave:

Revolução Cubana, Heteronormatividade, Autoritarismo

Resumo

Resumo: Este artigo explora, por meio do conto A Velha Rosa (1966) de Reinaldo Arenas, as dinâmicas socioculturais em Cuba nas décadas de 1950-60, para investigar as implicações das mudanças culturais, da afirmação de novas subjetividades e sexualidades não normativas na conformação do processo revolucionário, do nacionalismo e das políticas autoritárias do regime cubano após a vitória da revolução em 1959. Tomando a literatura como fonte histórica, a hipótese é a de que o contexto de mudança social radical foi alimentado pela possibilidade de abolir ou modificar as hierarquias sexuais, o que ensejou medidas coercitivas de fundamentação heteronormativa que reatualizaram, num grau mais severo, a exclusão política e social dos homossexuais na ilha. Com isso, busca-se problematizar a visão hegemônica da experiência revolucionária restrita à luta anti-imperialista, ao relacionar sexualidade e autoritarismo na conformação da ditadura cubana.

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Biografia do Autor

Jorge Ribas, Professor da Rede Estadual de Educação Básica de Minas Gerais

Mestre em História Social no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual de Montes Claros - PPGH/Unimontes, Brasil. Título da pesquisa: Reinaldo Arenas: revolução, nação e homossexualidade em Cuba (1959-1980). Professor da Rede Estadual de Educação Básica de Minas Gerais. Endereço para correspondência: Rua Maria Fernanda Freitas de Jesus Cordeiro, Bairro Canelas, n° 37, apt 203 - Montes Claros, MG - CEP: 39402-610. E-mail: jorges.ribas@outlook.com. Pesquisa financiada pela CAPES. 

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Publicado

2021-12-29

Como Citar

Ribas, J. L. (2021). A Velha Rosa no jardim da Revolução: tensões culturais, homossexualidade e autoritarismo em Cuba: . Revista Eletrônica Da ANPHLAC, 21(31), 293–319. https://doi.org/10.46752/anphlac.31.2021.4031