“Desterro”, “Exílio Dourado”, “Esquecimento”: a experiência do ostracismo de dois intelectuais paraguaios em primeira pessoa (1950-1965)
DOI:
https://doi.org/10.46752/anphlac.24.2018.2953Resumo
Após o golpe de Estado de 29/01/1949 no Paraguai, o presidente deposto, Juan Natalicio González, e um de seus ministros, Víctor Morínigo, partiram para o exílio e mantiveram sua amizade pessoal, intelectual e política por meio do contato epistolar. Ao longo dos quinze anos de trocas periódicas de missivas, ambos os intelectuais expuseram suas posições e sentimentos em relação ao exílio e à cena política paraguaia. O exame dessa correspondência permitiu distinguir suas posições em relação a três momentos na vida de ambos (desterro/exílio dourado/esquecimento), a partir dos quais foi possível constatar uma velha prática da violência política no Paraguai, pela qual exilados políticos podiam ser nomeados representantes diplomáticos do Estado que os tinha expulsado. Esta forma de “exílio” – que não se ajusta estritamente ao sentido clássico do termo – foi sistematicamente aplicada durante a primeira década do stronismo e permitia manter os adversários “tolerados” longe das fronteiras nacionais, mas, ao mesmo tempo, garantia seu silêncio. Através da análise da correspondência entre os dois intelectuais, pretende-se identificar o processo mediante o qual ambos se inseriram no chamado “exílio dourado”, as consequências políticas para eles depois de prolongados períodos fora do Paraguai e os mecanismos utilizados pelo governo paraguaio para manter ditos adversários longe do país.
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